Sócio da 123 Milhas diz que modelo de negócio era “equivocado” e pede desculpas
06/09/2023Sócio da 123 Milhas diz que modelo de negócio era “equivocado” e pede desculpas
O dono da 123 Milhas, Ramiro Júlio Soares Madureira, prestou depoimento nesta quarta-feira (6) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das pirâmides financeiras. Madureira admitiu que a empresa errou ao planejar o produto "promo", que foi suspenso no dia 18 de agosto deste ano. Segundo Madureira, a empresa acreditava que o custo dos pacotes de viagens diminuiria com o tempo, mas ocorreu o oposto. Isso impactou não apenas a linha promo, mas toda a 123 Milhas.
O sócio da agência de viagens pediu desculpas aos clientes, colaboradores e fornecedores, ressaltando que o objetivo agora é saldar as dívidas por meio da recuperação judicial, que foi aprovada pela Justiça na semana passada. Madureira reconheceu que o modelo de negócio se mostrou equivocado e afirmou que estão buscando soluções para os problemas causados.
A 123 Milhas entrou na mira da CPI das pirâmides financeiras após suspender as vendas e emissões de viagens promocionais, prejudicando muitos brasileiros que já haviam comprado passagens para os meses seguintes. Os sócios da empresa, Ramiro Júlio Soares Madureira e Augusto Júlio Soares Madureira, foram convocados a depor na CPI, mas faltaram duas vezes. Por isso, foi autorizada a condução coercitiva dos empresários.
Além disso, a CPI pediu a quebra do sigilo bancário e fiscal dos sócios, que também foi autorizada. Os empresários recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar evitar o comparecimento e a quebra de sigilo, mas tiveram seus pedidos rejeitados.
A suspensão das vendas e emissões das passagens da linha promo gerou diversas reclamações de consumidores, que registraram queixas no Procon-SP. Ministério do Turismo, Ministério Público e Procon-SP abriram procedimentos para investigar o caso.
No final do mês passado, a 123 Milhas entrou com o pedido de recuperação judicial, deferido pela Justiça. A empresa revelou que possui uma dívida superior a R$ 2,3 bilhões e responde a mais de 16 mil processos movidos por pessoas físicas.
Diante dessa situação, o juiz Edison Grillo, da 3ª Vara Federal Criminal de Belo Horizonte, proibiu os sócios da 123 Milhas de saírem do país, atendendo a um pedido da CPI.
Em suma, o depoimento do sócio da 123 Milhas, Ramiro Júlio Soares Madureira, na CPI das pirâmides financeiras, revelou que o modelo de negócio da empresa era equivocado, resultando na suspensão das vendas e emissões das passagens da linha promo. A situação gerou prejuízos aos clientes e levou a empresa a entrar com o pedido de recuperação judicial. A quebra de sigilo e a proibição de saída do país dos sócios também foram medidas tomadas nesse contexto.