'Se não tiver acordo, paciência', diz Lula após Macron recusar Mercosul-UE
03/12/2023"Se não tiver acordo, paciência", diz Lula após Macron recusar Mercosul-UE
O presidente Luiz Inácio da Silva, também conhecido como Lula, respondeu às declarações do presidente da França, Emmanuel Macron, sobre as negociações entre o Mercosul e a União Europeia. Lula afirmou que já sabia que a França tinha uma posição mais protecionista e que o Brasil não será responsabilizado caso o acordo não seja assinado.
Impasse nas negociações
Membros do governo brasileiro acreditam que as negociações com a União Europeia terminarão sem acordo, pois o Brasil não aceitará as novas condições ambientais impostas e é improvável que os países europeus se alinhem em uma posição conjunta em apenas uma semana. Lula pediu que os países ricos assumam a responsabilidade pela falta de acordo, destacando que o Brasil deseja ser tratado com o devido respeito como país independente.
Posição da França e impacto no acordo
Macron classificou o acordo entre Mercosul e União Europeia como "antiquado" e defendeu os argumentos dos produtores agrícolas franceses, que têm forte representação de congressistas de oposição. O presidente francês ressaltou a disparidade de normas de proteção ambiental entre os dois blocos e justificou sua recusa em apoiar o acordo.
Essa posição da França pode causar impacto nas exportações agrícolas brasileiras, pois os franceses defendem que os produtos só entrem na União Europeia se seguirem as mesmas condições impostas internamente pelo bloco. Além disso, a exigência de cumprimento de normas ambientais mais rígidas e a proibição do uso de agrotóxicos banidos na Europa também podem afetar as exportações brasileiras.
Reunião de cúpula e futuro do acordo
A reunião de cúpula entre os chefes de Estado do Mercosul acontecerá no Rio de Janeiro nesta quinta-feira (7). Nos últimos dias, as negociações foram intensificadas para tentar fechar o acordo, mas há expectativas de que o Brasil aguarde a posição da Argentina, que terá um novo governo a partir de dezembro. O próximo presidente argentino, Milei, já afirmou ser contrário ao acordo, o que levanta dúvidas sobre uma possível mudança de posição em relação ao acordo.
O impasse nas negociações
As negociações para o acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia começaram em 1999, foram interrompidas em 2004 e retomadas em 2010. A União Europeia é o segundo parceiro comercial do Mercosul, sendo o primeiro em matéria de investimentos. No entanto, o acordo ainda não foi ratificado devido às divergências entre os blocos, principalmente em relação ao protecionismo agrícola europeu e às novas exigências ambientais e climáticas.
Posição do Brasil e exportações
O presidente Lula já manifestou seu apoio ao acordo, porém, ele defende uma renegociação dos termos atuais. Lula tem criticado o que considera como ameaças de sanções por parte da União Europeia, forças desiguais que podem transformar o Brasil apenas em um exportador de commodities e a abertura de licitações públicas para empresas estrangeiras, o que prejudicaria os produtores locais.
Em 2022, o Brasil exportou para a União Europeia um total de US$ 50,9 bilhões, sendo petróleo, café e soja os principais produtos vendidos. Por outro lado, o país importou US$ 44,3 bilhões do bloco, com destaque para gasolina, fertilizantes e vacinas.
Perspectivas para o acordo
Lula se recusa a ceder às condicionantes ambientais impostas pela Europa e afirmou que não fará concessões. O presidente brasileiro sugeriu que, caso os europeus não aceitem o acordo até o dia 7, terão que esperar a eleição de outro governo no Brasil. A incerteza em relação ao panorama político e a falta de consenso entre os países envolvidos colocam em xeque o futuro do acordo entre o Mercosul e a União Europeia.