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Rússia dribla sanções com triangulação de importações e investimento bélico

Rússia dribla sanções com triangulação de importações e investimento bélico

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Países da Ásia Central se tornam estratégicos para a Rússia em meio às sanções

Desde o início da guerra contra a Ucrânia em 2021, países da Ásia Central têm desempenhado um papel crucial no fluxo de exportações para a Rússia, permitindo que países como Estados Unidos, Alemanha, França e Reino Unido contornem as sanções impostas. Essa estratégia tem sido utilizada para burlar as restrições comerciais e manter a economia russa funcionando.

O Institute of International Finance (IIF) identificou essa prática ao analisar as exportações de 24 países. Os dados revelam que, enquanto as vendas diretas para a Rússia despencaram para muitos países ocidentais após o início do conflito, houve um aumento significativo nas vendas para países como Armênia, Azerbaijão, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão.

Essa estratégia é essencial para a Rússia, já que o país tem utilizado matérias-primas, bens intermediários e produtos como semicondutores em sua guerra contra a Ucrânia. No entanto, esse redirecionamento de recursos tem afetado a produção de indústrias voltadas para o setor civil, pressionando a inflação e diminuindo o valor da moeda russa, o rublo.

Diante desse cenário, o governo russo tem adotado medidas para tentar controlar a inflação e conter a saída de recursos do país. Uma dessas medidas foi o aumento da taxa básica de juros para 12% ao ano, com o objetivo de estimular pessoas físicas e empresas russas a manterem seus investimentos em rublos, ao invés de protegê-los em dólares.

Enquanto os gastos militares impulsionam a economia russa, alimentando a inflação, a produção de bens destinados aos civis, como alimentos, produtos industrializados e automóveis, tem estagnado ou até mesmo diminuído. Um exemplo disso é a produção de veículos, que se encontra 10% abaixo do nível do ano passado.

A dependência da Rússia em relação às importações de matérias-primas e bens de fora do país tem levado a um aumento nas importações, especialmente vindas da China. Essas triangulações comerciais têm permitido à Rússia manter seus esforços de guerra, mas ao mesmo tempo minam o crescimento potencial do PIB russo.

Economistas estimam que o potencial de crescimento da economia russa não ultrapassa 1% ao ano. Antes da crise financeira global de 2008, a Rússia apresentava taxas de crescimento anuais superiores a 7%. Além disso, cerca de 65% das empresas russas dependem de matérias-primas e bens importados para sua produção, o que torna essas triangulações comerciais ainda mais necessárias.

Apesar dessa estratégia, o país tem enfrentado dificuldades em conseguir os recursos necessários para manter sua produção, o que pode comprometer seu crescimento no futuro. Além disso, o êxodo de imigrantes russos também tem impactado o país, com estimativas sugerindo que entre 817 mil e 922 mil pessoas deixaram a Rússia desde fevereiro de 2022. Em geral, os imigrantes que estão deixando o país são mais ricos e possuem maior nível de escolaridade.

A economia russa está passando por um período desafiador, no qual a presença dos países da Ásia Central se tornou crucial para sua sobrevivência diante das sanções. No entanto, as consequências dessa estratégia, aliadas aos desafios internos enfrentados pela Rússia, podem comprometer o crescimento econômico e gerar pressões inflacionárias.

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