Renda fixa americana começa a ficar “interessante” – até melhor que ações, em alguns casos, diz BB Asset
17/08/2023A volta dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano para as máximas em 15 anos tem chamado a atenção dos investidores brasileiros. Com o aumento das taxas de juros dos títulos de dívida dos EUA, a BB Asset, uma das maiores gestoras de investimentos do Brasil, está reconsiderando sua estratégia de alocação em renda fixa nos Estados Unidos. Segundo o CIO da BB Asset, Marcelo Pacheco, a reprecificação na curva de juros dos EUA torna a renda fixa americana mais atrativa. Os títulos de dez anos do governo atingiram uma taxa de 4,256%, a maior desde 2008, e o rendimento do papel de 30 anos chegou a 4,4219%, o mais alto desde 2011.
Essa mudança na curva de juros pode levar os investidores a repensarem sua estratégia de investimento, entre ações e títulos de dívida de empresas. Antes, a baixa taxa de juros fazia com que a opção por ações fosse mais vantajosa, mas agora a BB Asset considera que pode ser mais interessante comprar o crédito. Além disso, a BB Asset destaca que é possível encontrar títulos de menor risco com preços e taxas semelhantes aos dos títulos de maior risco.
Essa reprecificação na curva de juros dos EUA ocorre por alguns motivos. Um deles é o rebaixamento do rating americano pela Fitch Ratings, que reflete a deterioração fiscal esperada nos próximos três anos e o aumento da dívida do governo. Além disso, o mercado estava precificando uma possibilidade de corte de juros nos EUA, o que não parece ser viável segundo a BB Asset. O cenário atual exige cautela por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), o que pode adiar o início do ciclo de corte de juros para o segundo semestre.
Além disso, a BB Asset também está de olho nos dados econômicos que vêm da China. A gestora acredita que a China terá uma desaceleração controlada, mas a dificuldade em interpretar esses dados pode representar um risco para a Bolsa brasileira, já que muitas empresas do Ibovespa são do setor de commodities.
Apesar desses desafios, a BB Asset está "cautelosamente ou ligeiramente" otimista com a Bolsa brasileira. A casa vê oportunidades no setor agrícola e destaca empresas como Rumo e Kepler Weber como boas opções de investimento.
Em relação ao dólar, a BB Asset acredita que o real deve se apreciar contra a moeda americana, ficando abaixo de R$ 5, assim que a curva americana e a relação do dólar com as demais moedas se estabilizarem. A gestora argumenta que o Brasil possui reservas altas, um balanço de pagamentos equilibrado e um pequeno déficit em conta corrente, o que torna o real atrativo.
Portanto, os investidores brasileiros devem ficar atentos às mudanças na curva de juros dos EUA, na situação econômica da China e nos movimentos do dólar, pois esses fatores podem impactar o mercado financeiro e oferecer oportunidades de investimento tanto na renda fixa americana quanto na Bolsa brasileira.