Regionalização do varejo tem sido barreira à entrada de multinacionais
15/10/2023Regionalização do varejo tem sido barreira à entrada de multinacionais
O varejo brasileiro tem se destacado pela sua regionalidade, o que tem dificultado a entrada de grandes multinacionais do setor. Empresas como o Walmart e a Makro, que atuaram por muito tempo no Brasil, recentemente decidiram deixar o país, alegando diversos motivos.
Segundo Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), quando essas grandes varejistas internacionais chegaram ao Brasil, existia a dúvida se os pequenos e médios comércios resistiriam. No entanto, a realidade foi diferente. O varejo regional brasileiro se mostrou mais forte e competitivo do que se imaginava.
As redes regionais, bem administradas e conhecedoras dos hábitos de consumo da população local, têm se tornado alvo de aquisições por parte de gestoras de investimento. É o caso da gestora de investimentos Pátria, que acaba de adquirir o controle da rede Atakarejo. Essa empresa, que atua no segmento de atacarejo e faturou R$ 3,7 bilhões no ano passado apenas com lojas na Bahia, foi comprada por um valor estimado entre R$ 700 milhões e R$ 850 milhões.
A Pátria, que começou a investir no varejo de supermercados em 2021, já adquiriu participações em diversas redes regionais no Sul e Sudeste, atingindo um faturamento de R$ 3,9 bilhões no ano passado. Se fosse uma única empresa, estaria entre as maiores redes do país, ocupando o 21º lugar no ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
O grande diferencial das redes regionais, segundo Marcos Ambrosano, especialista em varejo da Pátria, é o conhecimento do empreendedor local sobre os hábitos dos clientes. Além disso, o setor de agronegócio tem impulsionado o consumo nas cidades do interior das regiões Sul e Sudeste, favorecendo o desempenho dessas redes.
No setor de atacarejo, por exemplo, o faturamento das lojas aumentou 15% neste ano, enquanto os supermercados com mais de quatro caixas registradoras avançaram apenas 9%, de acordo com a consultoria Nielsen IQ.
Com a aquisição do Atakarejo, a Pátria estreia no setor de atacarejo e na região Nordeste. O objetivo é expandir a rede, que conta com 28 lojas na Bahia, para mais 50 lojas nos próximos 4 a 5 anos, principalmente em cidades com mais de 200 mil habitantes.
No entanto, é importante ressaltar que essa aquisição ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Em resumo, a regionalização do varejo brasileiro tem se mostrado uma barreira para a entrada de grandes multinacionais no mercado. As redes regionais, com um conhecimento aprofundado dos hábitos de consumo locais, têm se destacado e atraído o interesse de gestoras de investimento. Essa tendência reforça a importância de conhecer o consumidor local para conquistar o mercado brasileiro.