Quem são os 'manobristas' de navios que podem ganhar até R$ 300 mil

Os práticos, conhecidos como os "manobristas" de navios, são profissionais essenciais para garantir a segurança da navegação nos portos. Apesar de ser uma atividade antiga, a praticagem continua muito requisitada nos dias de hoje e é altamente remunerada, podendo chegar a salários de até R$ 300 mil por mês.

Diferente do que muitos imaginam, os práticos não são apenas responsáveis por estacionar os navios. Eles são especialistas treinados para realizar manobras delicadas em embarcações de até três campos de futebol de comprimento e a largura de uma piscina olímpica. Em canais estreitos e relativamente rasos, os práticos são responsáveis por atracar esses gigantes veículos que pesam milhares de toneladas e não possuem freios. A sua função é realizar uma colisão controlada, parando a embarcação de forma suave e segura.

A profissão de prático é regulamentada por lei e é rigidamente controlada pela Marinha. No Brasil, existem apenas algumas centenas de profissionais credenciados, sendo a grande maioria homens. A atividade passou por um processo de privatização em 1961, mas a Marinha seguiu como órgão regulador.

A contratação dos práticos é obrigatória na maioria dos casos, mesmo que não haja acordo entre as partes sobre o valor do serviço. Em caso de desacordo, a Marinha pode ser acionada para impor um preço. Essa obrigatoriedade se dá devido à importância da praticagem para a segurança do tráfego aquaviário.

O trabalho dos práticos é extremamente arriscado, pois eles precisam subir em navios em movimento por meio de escadas no casco, arriscando suas vidas. Além disso, eles são responsáveis por coordenar as manobras envolvendo timoneiros, rebocadores e comandante do navio, monitorando o tráfego de outras embarcações e assegurando a amarração correta dos navios.

No Brasil, existem 20 zonas de praticagem, que englobam não apenas os portos, mas também as áreas de acesso aos terminais portuários. Essas zonas são onde os práticos atuam exclusivamente, sendo responsáveis por pilotar os navios em suas respectivas áreas.

A formação para se tornar um prático é rigorosa e requer a conclusão de um curso superior e habilitação de mestre-amador. A Marinha realiza um processo seletivo para os praticantes de prático, que inclui um período de qualificação e um exame de habilitação. Além disso, os práticos devem passar por cursos de atualização a cada cinco anos, devido às constantes variações de clima, vento e correntes marítimas.

O Brasil é considerado uma referência mundial na praticagem, ficando atrás apenas de Alemanha, Indonésia, Estados Unidos e, possivelmente, China em número de profissionais. A prática da atividade é fundamental para garantir a segurança da navegação nos portos brasileiros, com uma taxa de acidentes extremamente baixa.

No entanto, vale destacar que ser um prático é uma profissão repleta de desafios e riscos, considerando a complexidade das manobras, a diversidade de cargas e o contato com tripulações estrangeiras. Apesar disso, os práticos recebem uma remuneração altamente atrativa, o que acaba gerando polêmica e espanto. A atividade, por sua importância e remuneração, desperta o interesse de muitos brasileiros no campo financeiro e de investimentos.