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Queda do dólar aniquila renda dos catadores de recicláveis: 8 toneladas de papel para ganhar um salário mínimo

Queda do dólar aniquila renda dos catadores de recicláveis: 8 toneladas de papel para ganhar um salário mínimo

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Queda do dólar aniquila renda dos catadores de recicláveis: 8 toneladas de papel para ganhar um salário mínimo

Todos os dias, o catador de material reciclável Elias percorre 20 km de bicicleta para ir e voltar de casa e mais 20 km puxando um carrinho artesanal pesado. Mas, ao contrário de alguns setores do país que comemoram a queda do dólar, Elias viu sua renda familiar despencar drasticamente. Isso se deve principalmente à valorização do real frente ao dólar, que fez com que o preço dos materiais reciclados despencasse. Por exemplo, cada quilo de papel que Elias vendia por R$ 1 em 2021, hoje vale apenas R$ 0,15. A latinha caiu de R$ 8,50 para R$ 5.

Essa situação tem levado Elias e muitos outros catadores a considerarem abandonar a profissão. Segundo estimativas do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), existem cerca de 1 milhão de catadores no Brasil, responsáveis pela maior parte da coleta do país. No entanto, 75% do lucro com esse trabalho vai para as indústrias.

A economista Carla Beni explica que a oscilação do preço do material reciclado ocorre porque a celulose e o alumínio são commodities negociadas no mercado financeiro mundial. Ou seja, o preço flutua de acordo com fatores que vão além da economia local gerada pela reciclagem. A queda do dólar fez com que a importação desses materiais se tornasse mais barata, prejudicando os catadores.

Além da queda do dólar, a coleta seletiva também tem impactado negativamente a renda dos catadores. Muitas pessoas passaram a entregar os materiais diretamente aos caminhões de coleta seletiva, em vez de separá-los para os catadores. Isso fez com que houvesse uma diminuição na quantidade de materiais recicláveis à disposição dos catadores.

Para tentar reverter essa situação, a economista Carla Beni propõe que seja feita uma taxação maior dos materiais reciclados importados, o que ajudaria a proteger o mercado interno e os catadores brasileiros. Além disso, ela sugere que os catadores se organizem em cooperativas, o que garantiria uma maior lucratividade para eles.

No entanto, as perspectivas ainda são incertas. Enquanto isso, Elias e outros catadores continuam lutando para garantir o sustento de suas famílias. Elias, por exemplo, precisa transportar 8,8 toneladas de papel para ganhar o equivalente a um salário mínimo.

Essa realidade é um reflexo do impacto que a economia global pode ter na vida dos trabalhadores individuais, especialmente os mais vulneráveis. É importante refletir sobre as desigualdades presentes no sistema econômico e buscar soluções que garantam uma renda digna para todos. Enquanto isso, Elias e outros catadores continuam lutando todos os dias para sobreviver em um cenário desfavorável.

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