Conflito entre Ucrânia e Rússia deve continuar em 2024

No dia 4 de fevereiro do próximo ano, o conflito armado entre Ucrânia e Rússia completará dois anos. Em uma guerra que ganhou diversas facetas ao longo do tempo, a perspectiva para o próximo ano continua tão nebulosa quanto o real motivo pela perduração do confronto até os dias atuais.

Fatores que explicam a continuidade do conflito

De acordo com Conrado Baggio, professor doutor do curso de Relações Internacionais da Universidade Cruzeiro do Sul, o investimento feito pelos Estados Unidos da América e pela União Europeia pode ser um dos fatores que explicam o porquê de o conflito ainda existir. Os países desembolsaram mais de US$ 200 bilhões para financiar o aparato necessário para que a Ucrânia impedisse o avanço russo em seu território.

A Rússia chegou a controlar mais de 20% do território ucraniano, mas não conseguiu tomar a capital Kiev, e a liderança do presidente Zelensky se fortaleceu. No entanto, Moscou ainda domina várias regiões, como a Crimeia e o Donbass. Os dois lados não são fortes o suficiente para ganhar a guerra, mas também não estão fracos o suficiente para perdê-la.

Impactos econômicos da guerra

O conflito entre Ucrânia e Rússia teve impactos econômicos significativos, principalmente na oferta e no preço global de grãos. A guerra afetou a distribuição desses produtos, prejudicando países importadores como Egito e Turquia. Em 2022, a Rússia aceitou um acordo que permitiu o escoamento da produção de grãos da Ucrânia por um corredor humanitário, mas o acordo terminou em julho deste ano, diminuindo novamente a oferta.

Apesar de não ter ficado imune aos efeitos da guerra, o Brasil conseguiu assumir a demanda global por grãos devido à sua posição de grande exportador de produtos agrícolas. O país conseguiu aumentar suas exportações de trigo. No entanto, a população brasileira sentiu o impacto da guerra por conta da inflação e da elevação dos preços globais do petróleo.

Perspectiva para 2024

A atual posição de manterem a guerra parece ser a melhor tanto para a Rússia quanto para a Ucrânia. Os ucranianos estão saindo de uma contraofensiva com sucesso limitado, mas que retomou diversos territórios do controle russo. Para os russos, um cessar-fogo nesse momento pode ser interpretado como um recuo de Putin, especialmente em um ano de eleições presidenciais.

Portanto, o impasse desta guerra deve se manter ao longo do próximo ano, com consequências importantes para o mercado financeiro e para os investidores individuais no Brasil. É importante que os investidores acompanhem de perto os desdobramentos do conflito e os possíveis impactos nos preços de commodities agrícolas e no mercado internacional como um todo.