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O enigma mexicano

O enigma mexicano

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O enigma mexicano: por que o Brasil tem uma renda per capita maior?

O México enfrenta um desafio de décadas em relação à sua renda média, que fica entre um sexto e um terço da renda per capita americana, dependendo do país. Essa diferença tem persistido ao longo do tempo, e o Brasil, por exemplo, tinha em 1900 a mesma renda per capita americana que possui hoje, enquanto isso não acontece com o México.

Estabilização macroeconômica e avanço do México

Após um período de desorganização macroeconômica, do pós-guerra até meados da década de 1990, vários países, incluindo o México, encontraram o caminho da estabilidade macroeconômica. O México foi uma das economias da região que mais avançaram nesse aspecto, com um crescimento médio de 4,7% ao ano nos últimos dez anos.

Além disso, o país possui uma poupança doméstica de 22% do PIB, carga tributária e dívida pública bruta relativamente baixas (23% e 52% do PIB, respectivamente). No mesmo período, o Brasil apresentou números inferiores: 6% de poupança doméstica, 14% de carga tributária e uma dívida pública bruta correspondente a 88% do PIB.

Integração internacional e investimentos no México

O México também avançou na integração de sua economia à internacional, principalmente através da construção da zona de livre-comércio da América do Norte, o Nafta. As exportações do país cresceram de 25% do PIB na década de 1990 para os atuais 35%. O destaque fica para as exportações de manufaturados, que representam 27% do PIB mexicano e são superiores ao restante da América Latina somado.

Além disso, houve melhorias persistentes na área da educação, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. As taxas de investimento no México também aumentaram, passando de 21,5% do PIB em meados dos anos 1990 para 23,5% a partir de 2011 até 2019. O país também realizou esforços de liberalização em diversos setores e avançou na agenda da privatização.

Baixo crescimento e falta de produtividade no México

Apesar de todos esses esforços, o crescimento médio do México de 2000 a 2019 foi de apenas 1,6% ao ano, inferior ao crescimento brasileiro (2,3%) e chileno (3,7%). O país também apresentou um menor crescimento em comparação com a década anterior (3,6% no México).

Um dos principais problemas enfrentados pelo México é a baixa produtividade. A eficiência na transformação dos fatores de produção em produtos, conhecida como produtividade total dos fatores, reduziu-se em 9% entre 1995 e 2019. Esse dado foi obtido da Penn World Table.

O livro de Santiago Levy e a má alocação de fatores de produção

No livro "Esforços pouco recompensados, a busca fugidia pela prosperidade no México" (2018), o economista mexicano Santiago Levy aborda o enigma do baixo crescimento do país. Com base em uma pesquisa detalhada, Levy documenta que, entre meados da década de 1990 e meados da década de 2010, o capital e o trabalho foram alocados em empresas menos produtivas.

Os custos do trabalho e a tributação penalizam empresas grandes com contratos de trabalho formal no México, prejudicando a inovação e o desenvolvimento do trabalho qualificado. Regulações e legislação tributária contribuíram para a má alocação dos fatores de produção nesse período.

Conclusão

O enigma do baixo crescimento no México está associado à falta de produtividade e à má alocação de fatores de produção. Embora o país tenha avançado na estabilização macroeconômica, integração internacional e investimentos, ainda enfrenta desafios significativos nesses aspectos.

Essa análise do caso mexicano traz importantes reflexões para o Brasil e para os investidores individuais no país. Mostra que o crescimento econômico sustentável vai além da estabilização macroeconômica e requer esforços contínuos no aumento da produtividade e na alocação eficiente dos fatores de produção.

Portanto, é essencial que o Brasil leve em consideração esses aspectos ao formular políticas econômicas e estratégias de investimento que promovam o crescimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida da população.

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