O Brasil deveria entrar na Opep+, o cartel do petróleo mundial? Especialistas opinam
01/12/2023O Brasil e o convite para fazer parte da Opep+
O Brasil recebeu um convite para ingressar na Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+), uma versão estendida da Opep, o cartel dos exportadores de petróleo. No entanto, especialistas apontam que não faz sentido o país se tornar aliado dessa organização.
Motivos contrários à entrada do Brasil na Opep+
De acordo com José Mauro Coelho, presidente da consultoria Aurum Energia e ex-presidente da Petrobras, existem três motivos pelos quais o Brasil não deveria entrar na Opep+. Primeiro, o país estaria sujeito às cotas de permissão para exportar, o que limitaria sua produção e monetização das reservas.
Segundo, o Brasil precisa monetizar rapidamente suas reservas de petróleo, tornando-se um dos cinco maiores produtores e exportadores do mundo até 2032. Entrar na Opep+ apenas traria insegurança aos investidores no petróleo brasileiro, pois o objetivo da organização é controlar e limitar os volumes exportados.
Por fim, o governo brasileiro não teria como controlar as exportações das empresas privadas, o que poderia contradizer os interesses do país ao entrar na Opep+.
Impactos para os investidores e o mercado financeiro no Brasil
Marcio Felix, presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás e seus associados (ABPIP), afirma que a inclusão do Brasil na Opep+ poderia prejudicar a atração de investimentos e o valor de mercado das empresas que atuam no país, como a Petrobras.
Estar associado ao grupo poderia enviar uma mensagem contraditória em relação ao discurso de potência da diversidade energética sustentável que o Brasil busca transmitir ao mundo. Além disso, o perfil exportador crescente de petróleo do país traz desafios a uma eventual discussão de cotas na Opep+.
Contradições no contexto do convite
A proposta do Brasil para entrar na Opep+ ocorre em um contexto contraditório. Após a escolha de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, como sede da Cúpula do Clima (COP 28), o tema "energia verde" perdeu espaço para os combustíveis fósseis. Isso gera uma sensação de distorção de objetivo do evento.
Outra contradição ocorre entre o discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defende a transição energética e a redução da produção de combustíveis fósseis, e a posição do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, que incentiva o Brasil a aceitar o convite da Opep+ apenas como observador.
Avaliação do convite e decisão final
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, está avaliando a proposta, mas a decisão final cabe ao presidente Lula, que ainda não se pronunciou sobre o assunto. Caberá ao governo analisar os argumentos contrários à entrada do Brasil na Opep+ e considerar o impacto que essa decisão teria no mercado financeiro e para os investidores do país.
Fonte: Blog Fluxo Investimentos