Moedas globais: Dólar se fortalece, mas é limitado por apostas em cortes de juros do Fed

O dólar americano teve uma correção parcial nesta quarta-feira, 29, e se fortaleceu globalmente diante da revisão em alta do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos. Porém, o ímpeto de valorização da moeda foi limitado pela convicção no mercado de que o Federal Reserve (Fed), banco central americano, realizará um rápido relaxamento monetário em 2024.

O índice DXY, que mede o valor do dólar em relação a seis moedas fortes, encerrou o dia com alta de 0,02%, atingindo 102,765 pontos. Embora o dólar tenha alcançado seu menor valor desde agosto como reflexo das expectativas de cortes de juros nos Estados Unidos, a moeda teve uma pequena recuperação na parte da manhã, quando o Departamento do Comércio dos EUA divulgou que o PIB do país cresceu a uma taxa anualizada de 5,2% no terceiro trimestre, superando as estimativas anteriores.

Apesar do fortalecimento do dólar, as apostas no mercado futuro indicam a expectativa de um afrouxamento monetário ainda mais agressivo por parte do Fed ao longo de 2024. De acordo com o CME Group, a ferramenta que monitora tais expectativas, o cenário mais provável agora é de um corte acumulado de 1,25 ponto percentual no próximo ano, a partir de março. Essa projeção contraria a postura mais cautelosa de alguns dirigentes do Fed, como o presidente da distrital de Richmond, Tom Barkin, que evitou descartar medidas mais restritivas à frente e afirmou que discussões sobre cortes seriam prematuras.

No entanto, o Livro Bege divulgado nesta tarde destacou que os preços nos Estados Unidos têm se mantido moderados recentemente. A consultoria Capital Economics ressalta que as perspectivas para a taxa de câmbio dependerão essencialmente do comportamento do diferencial de juros, o que também demandará atenção aos planos de outros bancos centrais, como o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco da Inglaterra (BoE).

A possibilidade de uma mudança na política do BCE aumentou após a leitura preliminar que mostrou um arrefecimento da inflação na Alemanha. Isso faz com que o euro apresente queda, cotado a US$ 1,0974. Já a libra esterlina se mostra mais resiliente, mas também recua, sendo negociada a US$ 1,2694. No Parlamento britânico, o ministro das Finanças do Reino Unido, Jeremy Hunt, afirmou que há chances elevadas de uma recessão no país em 2024, embora acredite que esse risco tenha diminuído.

Além disso, o dólar americano caiu em relação ao peso argentino, com o chamado dólar blue (câmbio paralelo) recuando 20 pesos, chegando a 925 pesos. Essa queda se deve à confirmação de que o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, indicará Luis Caputo como ministro da Economia. Essa escolha sugere uma postura mais moderada em relação à dolarização da economia, algo defendido por Milei durante a campanha.

Em resumo, o fortalecimento do dólar nesta quarta-feira foi parcial, uma vez que a expectativa de cortes de juros por parte do Federal Reserve limitou seu potencial de valorização. Além disso, as perspectivas para a taxa de câmbio também vão depender dos comportamentos de outros bancos centrais, como o BCE e o BoE. Portanto, é importante acompanhar esses fatores para entender o impacto no mercado financeiro e para os investidores individuais no Brasil.