Malan diz que pressão por gastos públicos desafia déficit zero em 2024

O ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, Pedro Malan, afirmou nesta quarta-feira (6) que é "difícil" acreditar que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alcançará a trajetória de resultados primários propostos para os anos de 2024, 2025 e 2026. Segundo Malan, isso se deve aos gastos já contratados e às dificuldades de aumento de receita em uma magnitude significativa.

Meta de déficit zero em 2024

Para o próximo ano, a meta que está na proposta de Leis de Diretrizes Orçamentárias é zerar o déficit fiscal. Malan reconhece o empenho do atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para organizar as contas públicas. Ele elogiou a decisão do governo de não abandonar a meta fiscal.

Regime fiscal como desafio

No entanto, Malan ressalta que o regime fiscal continuará sendo o "grande calcanhar de Aquiles" do Brasil nos próximos três anos, e talvez até além disso. Ele justifica essa afirmação citando uma pressão natural no país por aumento de gastos públicos devido a questões relacionadas à demografia, à urbanização e ao envelhecimento da população.

Fatores estruturais por décadas vindouras

O ex-ministro afirma que fatores estruturais continuarão operando por "décadas vindouras" e impondo desafios para a economia brasileira. Ele destaca que a velocidade da urbanização no Brasil demanda cada vez mais investimentos em infraestrutura, transporte, energia, comunicações, além de investimentos sociais em habitação, educação, saúde e mobilidade urbana.

Investimentos em educação, ciência e tecnologia

Malan comenta sobre as novas demandas sociais que surgem e exigem investimentos, como educação, ciência e tecnologia. Essas questões, segundo ele, deveriam estar no debate desde agora, pois são fundamentais para o desenvolvimento do país.

Controle da inflação e punição nas urnas

Como um dos responsáveis pela implementação do Plano Real, que controlou a histórica inflação no Brasil, Malan acredita que a maioria da sociedade brasileira não permitirá que um governo volte a inflacionar a economia do país. Ele destaca que as pessoas compreendem que o controle dos preços é fundamental para a preservação do poder de compra do salário. Segundo ele, um governo que permita o retorno da inflação será punido nas urnas.

Em suma, Pedro Malan aponta os desafios que o governo brasileiro enfrenta para atingir a meta de déficit zero em 2024. Ele destaca a pressão por aumento de gastos públicos, impulsionada por questões demográficas e de infraestrutura. Além disso, Malan ressalta a importância de investimentos em educação, ciência e tecnologia. Por fim, ele acredita que a população não permitirá a volta da inflação e que governos que não controlem os preços serão punidos nas urnas.