Inadimplência em alta: Cartão de crédito é a principal fonte de dívidas para os brasileiros

Uma nova pesquisa divulgada nesta quinta-feira revela que, atualmente, 77% dos lares brasileiros possuem pessoas endividadas. Além disso, cerca de 30% das pessoas estão com alguma dívida atrasada. Os dados fazem parte do estudo "Raio X da Inadimplência Brasileira", realizado pela MFM Tecnologia em parceria com o Instituto Locomotiva.

Uma das principais conclusões do estudo é o aumento na parcela de pessoas que apontam o cartão de crédito como a principal fonte de dívidas. Em 2021, esse percentual era de 49%, subindo para 56% no ano passado e chegando a 60% em 2023. Por outro lado, as dívidas de empréstimos e financiamentos com bancos e financeiras tinham caído de 45% para 40%, mas voltaram a crescer, chegando a 43% este ano.

Além disso, a pesquisa revelou que a falta de planejamento financeiro é apontada por 36% dos entrevistados como o principal motivo para a inadimplência. A perda de emprego (31%) e gastos imprevistos com saúde (30%) também foram citados como fatores que levam ao endividamento.

No entanto, apesar do cenário negativo, o estudo identificou um aumento no otimismo em relação à saída da inadimplência. Em 2023, 39% dos brasileiros inadimplentes afirmaram ter certeza de que conseguirão pagar suas dívidas, em comparação com apenas 25% em 2022.

Uma estratégia de muitos endividados para pagar suas contas é economizar. Essa foi apontada como a principal forma de quitação das dívidas. Mas vale destacar que houve um aumento na parcela de pessoas que afirmam ter se estabilizado financeiramente.

Outro dado interessante é que 59% dos endividados acreditam que o acesso a informações de qualidade sobre educação financeira teria um impacto significativo em sua qualidade de vida financeira. Além disso, 41% acreditam que o acesso a serviços públicos gratuitos, como creches com horário estendido e mais próximas de suas casas ou do trabalho, poderiam trazer mais impacto positivo na vida financeira.

A pesquisa também mostrou que as redes sociais exercem uma influência negativa no comportamento financeiro dos brasileiros. Das pessoas endividadas entrevistadas, 23% afirmaram que as redes sociais são as principais incentivadoras de um mau comportamento financeiro, um aumento em relação aos 16% do ano passado. Em contrapartida, o cônjuge foi apontado por 27% dos entrevistados como alguém que incentiva um bom comportamento financeiro.

Por fim, o estudo abordou o programa Desenrola Brasil, lançado pelo governo federal para renegociar dívidas. A maioria dos entrevistados aprovou a iniciativa, mas ainda há falta de conhecimento sobre suas regras. Dos participantes, 76% afirmaram conhecer o programa, mas apenas 17% disseram conhecê-lo muito bem. Além disso, 57% dos inadimplentes não sabem se suas dívidas podem ser contempladas pelo programa.

Diante desse cenário preocupante, é necessário que as pessoas busquem informações e conhecimento sobre planejamento financeiro e educação financeira para evitar se endividar e ter uma vida financeira saudável. É importante também que o governo invista em programas de educação financeira e na oferta de serviços públicos gratuitos que possam ajudar os cidadãos a sair da inadimplência.