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Hospitais privados freiam expansão e contratações por falta de recursos

Hospitais privados freiam expansão e contratações por falta de recursos

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Hospitais privados enfrentam restrições financeiras e reduzem investimentos

Um levantamento inédito realizado pela Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp) revelou que sete em cada dez instituições não conseguiram executar seus planos de investimentos em expansão e novas contratações em 2023, devido à falta de recursos financeiros. Além disso, quase dois terços dos hospitais também não investiram na renovação de seus parques tecnológicos.

De acordo com o levantamento, estima-se que cerca de R$ 3,6 bilhões deixaram de ser investidos no último ano. Esse aperto financeiro é atribuído, em grande parte, aos atrasos de pagamentos por parte dos planos de saúde. As faturas referentes aos serviços prestados pelos hospitais têm enfrentado atrasos, afetando o fluxo de caixa dessas instituições. Estima-se que esses atrasos correspondem a 16% do faturamento do setor.

A Anahp reúne 122 hospitais renomados, como Albert Einstein, Sírio-Libanês e Oswaldo Cruz, e possui quase 25% de participação em despesas assistenciais na saúde suplementar. A associação também destaca que houve um aumento das glosas, que são questionamentos feitos pelas operadoras de planos de saúde em relação às faturas dos hospitais. Essa taxa, historicamente em 3,5% da receita bruta, subiu para 9% no último ano.

Impacto nos investimentos e manutenção hospitalar

O cenário apresentado pelo levantamento indica que a maioria dos hospitais entrevistados prevê estabilidade nos investimentos para este ano, enquanto 15,3% pretendem reduzi-los e 11,5% não têm planos de realizar novos investimentos. Menos de um terço dos hospitais espera um aumento nos investimentos.

A alta taxa básica de juros (Selic) é apontada como um dos fatores que contribuiu para a redução dos investimentos em 2023, já que algumas instituições recorrem a empréstimos bancários para financiá-los. O receio de buscar dinheiro nos bancos diante das altas taxas de juros foi um obstáculo para os hospitais.

Essa queda nos investimentos também impacta a manutenção e conservação dos equipamentos hospitalares. Segundo a Anahp, muitos hospitais têm enfrentado dificuldades para manter sua estrutura, o que traz preocupações em relação à qualidade do atendimento prestado.

Dificuldades enfrentadas pelos hospitais menores

A pesquisa também aponta que hospitais menores, fora das grandes redes, estão sofrendo mais com os atrasos de pagamentos e a redução das autorizações de procedimentos por parte das operadoras de saúde. Muitos desses hospitais estão endividados e encontram dificuldades para pagar os empréstimos bancários, uma vez que dependem da receita para quitar essas obrigações.

Essa situação tem gerado rumores de que as mensalidades dos planos de saúde terão um aumento entre 20% e 25% neste ano. No entanto, esses reajustes não são repassados aos prestadores de serviços de saúde. As instituições de saúde têm enfrentado dificuldades para negociar reajustes próximos a esses patamares, o que agrava a situação financeira das mesmas.

Perspectivas futuras e necessidade de reformas

Tanto a Anahp quanto o sindicato dos hospitais, clínicas e laboratórios paulistas destacam que o cenário em 2024 deverá ser semelhante ao registrado em 2023 em relação aos investimentos. A falta de perspectivas de melhora nos prazos de pagamentos, glosas e negociações com as operadoras de planos de saúde contribuem para essa expectativa.

Para superar esses desafios estruturais, a Anahp destaca a importância da confiança mútua e das ações conjuntas entre prestadores e operadoras de saúde. Entre as mudanças necessárias, estão a prevenção e promoção à saúde, a interoperabilidade de dados, a mudança do modelo de remuneração, a utilização de indicadores para avaliar os hospitais e a ampliação da telemedicina.

É importante ressaltar que a interpretação de que as operadoras de planos de saúde contribuem para a falta de investimento em estrutura hospitalar é considerada uma distorção pela Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge). Segundo a federação, o valor pago pelas operadoras aos hospitais privados teve um crescimento de 40% de 2018 a 2022, e as glosas são praticadas apenas quando são identificadas inconformidades nos processos de cobrança.

Apesar de algumas melhorias nos indicadores nos últimos meses, os desafios estruturais enfrentados pelos hospitais privados ainda persistem. Para superá-los, será necessária a adoção de reformas no sistema de saúde suplementar, visando a garantia de um setor mais sólido e eficiente.

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