📰 Últimas notícias
Governo vê mudança no comando da Vale como brecha para tentar emplacar Mantega

Governo vê mudança no comando da Vale como brecha para tentar emplacar Mantega

Publicidade

Governo busca influência na gestão da Vale com possível indicação de Mantega

O governo está aproveitando a proximidade do fim do mandato de Eduardo Bartolomeo na presidência da Vale para tentar aumentar sua influência sobre a gestão da mineradora. Segundo fontes do Palácio do Planalto, o presidente ainda não desistiu de indicar o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, para o cargo máximo da empresa. No entanto, essa ideia enfrenta obstáculos devido às regras internas de governança e à falta de apoio dos grandes acionistas.

Uma possibilidade mais viável seria a indicação de Mantega para uma das treze cadeiras do conselho de administração da Vale. Dessa forma, o governo teria pelo menos poder de opinião sobre os negócios da maior empresa privada brasileira, que atua nos setores de mineração, siderurgia, energia e logística. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que Mantega tem sido injustiçado e merece ocupar um papel de destaque na Vale. Por sua vez, o ex-ministro tem demonstrado entusiasmo com a possibilidade de integrar o conselho da empresa.

A vaga para a indicação de Mantega poderia ser aberta com a indicação do conselheiro Luis Henrique Guimarães para a diretoria, pois Guimarães foi indicado pela empresa Cosan, da qual foi presidente e hoje atua como consultor. No entanto, ainda não há consenso entre os acionistas privados da Vale.

Apesar de ter um capital pulverizado, a gestão da Vale ainda sofre forte influência de seus principais acionistas, como o Bradesco, a Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil) e a japonesa Mitsui. Além disso, as grandes gestoras globais de investimentos, Blackrock e Capital Group, também possuem fatias relevantes na empresa. Portanto, a decisão sobre o novo comando da Vale será debatida em uma reunião do conselho de administração marcada para 31 de janeiro. Vale ressaltar que o conselho tem a palavra final sobre o novo presidente, podendo até mesmo reconduzir Bartolomeo.

A composição atual do conselho de administração da Vale apresenta oito membros independentes, escolhidos por investidores institucionais, dois representantes da Previ, um do Bradesco, um da Mitsui e um representante dos trabalhadores da empresa. Seus mandatos têm vigência até 2025, o que representa um obstáculo adicional aos planos do governo. Para a indicação de um novo membro, seria necessário a renúncia ou transferência de algum dos atuais membros. Outra possibilidade seria substituir um dos indicados pela Previ.

As ações do governo para ter mais influência na Vale remetem ao histórico do segundo mandato de Lula, quando o ex-presidente teve embates com o então presidente Roger Agnelli, que conduzia um plano de internacionalização das operações da empresa. Agnelli deixou o cargo em 2011, sendo substituído por Murilo Ferreira, visto na época como o candidato preferido da ex-presidente Dilma Rousseff. Naquele momento, o BNDES também possuía uma participação relevante na Vale, facilitando a interferência do governo. Contudo, essa fatia foi vendida durante o governo de Jair Bolsonaro.

Embora o governo não tenha participação direta no conselho de administração, ele possui direito a uma cadeira no conselho fiscal da Vale devido à golden share em posse da União desde a privatização. Atualmente, essa vaga é ocupada pelo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, cujo mandato termina na assembleia de acionistas de 2024.

Em resumo, o governo busca ampliar sua influência na Vale com a possibilidade de indicação de Guido Mantega para o conselho de administração da empresa. Essa ação tem como objetivo garantir ao governo o poder de opinar sobre os negócios da maior empresa privada brasileira. No entanto, essa iniciativa enfrenta resistência dos grandes acionistas e das regras internas de governança da Vale. A decisão sobre o novo comando da mineradora será debatida em uma reunião do conselho de administração e pode ocorrer no final de janeiro.

Publicidade
Publicidade
🡡