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El Niño afeta produtividade, mas impacto nos preços agrícolas é incerto

El Niño afeta produtividade, mas impacto nos preços agrícolas é incerto

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O impacto do El Niño na safra agrícola brasileira

O fenômeno climático El Niño já está causando impactos visíveis na safra agrícola brasileira de 2023/2024. Projeções indicam uma redução na produtividade de várias culturas e regiões do país. No entanto, ainda não é possível afirmar se essa condição poderá resultar em pressões inflacionárias no próximo ano, com aumento nos preços de alimentos e ração animal.

De acordo com a ata da última reunião do Copom, o Banco Central destacou a incerteza sobre o impacto do El Niño, tanto em relação à sua intensidade quanto à sua duração. No entanto, o Comitê decidiu considerar um impacto relativamente pequeno do fenômeno em suas projeções de inflação de alimentos. Especialistas têm um maior grau de certeza em relação à duração do El Niño.

Impactos no setor agrícola brasileiro

Desde junho passado, o El Niño tem causado fortes tempestades, como ciclones extratropicais na região Sul do país, resultando em perdas na produção de grãos, frutas e hortaliças, além de danos em infraestruturas. O calor intenso e a seca estão prejudicando as atividades agrícolas, causando atrasos no plantio. O plantio de soja e milho da primeira safra foi o mais afetado pelas condições climáticas adversas.

Somente nas últimas semanas ocorreram chuvas mais intensas, principalmente na região Centro-Oeste. No entanto, ainda não foram suficientes para compensar o déficit hídrico acumulado. Outras regiões como Matopiba (Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia) e Sul do país também tiveram prejuízos devido ao atraso no plantio.

Além da redução na produtividade, o atraso no plantio da soja compromete a janela de plantio para a segunda safra de milho. Com a instabilidade e os preços baixos, há uma redução na área plantada de milho, o que pode levar a perdas de produtividade.

Possíveis impactos nos preços

É natural esperar que a atual situação possa ter um impacto nos preços devido à redução na oferta. No entanto, isso dependerá do tipo de cultura e do cenário internacional, uma vez que o El Niño não afeta todos os países da mesma forma. A Argentina, por exemplo, espera uma produção de grãos mais robusta após uma quebra de safra entre 2022 e 2023.

Especialistas destacam que podem ocorrer pressões pontuais nos preços de hortaliças e leguminosas devido às chuvas além do esperado em alguns momentos. O Banco Bradesco também menciona altas nos preços do feijão, arroz e trigo devido ao atraso no plantio e à baixa qualidade.

Perspectivas para o futuro

Segundo o último estudo da NOAA, agência americana de acompanhamento oceânico e atmosférico, o El Niño deve perder força no primeiro trimestre de 2024 e há indícios de resfriamento das águas do Pacífico no meio do ano. A probabilidade de neutralidade climática é maior.

No Brasil, a melhora das chuvas tem permitido o avanço do plantio, mas a safra de soja ainda está atrasada em algumas regiões, principalmente no Nordeste, que ainda espera um clima mais seco nos próximos dias. Os preços do feijão, arroz, trigo e café têm apresentado volatilidade devido aos diferentes impactos do El Niño em cada mercado.

Embora os efeitos do El Niño no setor agrícola brasileiro sejam evidentes, ainda é incerta a influência nos preços de alimentos. É necessário acompanhar o desenvolvimento da safra e o comportamento dos mercados internacionais.

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