É preciso entender melhor atividades de fundos de hedge nos Treasuries, diz dirigente do Fed

O vice-presidente de Supervisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Michael Barr, fez um alerta sobre a necessidade de reguladores entenderem melhor o impacto das atividades de fundos de hedge no mercado de Treasuries. Em uma conferência organizada pelo Fed de Nova York, Barr explicou que esses fundos investem pesadamente em títulos públicos, derivativos e negócios de recompra.

O vice-presidente destacou que a liquidação de posições alavancadas em títulos do Tesouro por fundos de hedge parece ter contribuído para a tensão no mercado de Treasuries em março de 2020. Ele ressaltou que o Fed e outros órgãos estão trabalhando para fortalecer a resiliência do setor diante desses riscos.

Esse alerta se junta a outros chamados de atenção feitos por agentes do setor financeiro recentemente. Em setembro, o Banco de Compensações Internacionais (BIS) estimou que fundos de hedge possuíam US$ 600 bilhões em posições vendidas no mercado de Treasuries, ou seja, apostas contra esse ativo. A liquidação desses contratos pode gerar turbulências nos negócios da renda fixa, conforme apontado pelo BIS.

No discurso, Barr também observou que as tensões bancárias verificadas em março evidenciaram a importância dos bancos em administrarem riscos relacionados aos juros. Ele avaliou que anos de taxas de juros muito baixas levaram à complacência em algumas instituições financeiras, que não geriram adequadamente o risco de taxa de juros.

Essas constatações têm impacto relevante no mercado financeiro e também para investidores individuais no Brasil. A atuação dos fundos de hedge no mercado de Treasuries pode gerar volatilidade e impactar o desempenho de ativos correlacionados, assim como o funcionamento do mercado de renda fixa. É importante que os reguladores estejam atentos a essas atividades e desenvolvam mecanismos para entender e controlar os riscos envolvidos.

Para os investidores, é fundamental acompanhar o cenário macroeconômico global e as movimentações nos mercados de Treasuries e renda fixa. Essas informações ajudam a compreender melhor os possíveis impactos sobre os investimentos e a posicionar as carteiras de forma mais estratégica. Além disso, a diversificação dos ativos também pode ser uma estratégia para mitigar o risco relacionado às atividades dos fundos de hedge e volatilidades do mercado.