A falta de reserva financeira dos brasileiros

Uma pesquisa do Datafolha revelou que dois terços da população brasileira não possuem nenhuma reserva financeira para enfrentar contratempos ou situações de perda de renda do trabalho. Isso representa um cenário preocupante, pois indica um futuro financeiro incerto na velhice para grande parte dos brasileiros. A pesquisa, realizada em 135 municípios, ouviu 2.004 pessoas e possui uma margem de erro de dois pontos percentuais.

Poucos têm reserva para manter o padrão de vida

De acordo com o levantamento, apenas 10% dos brasileiros possuem algum dinheiro guardado para manter o mesmo padrão de vida por um período de até três meses. Apenas 6% consideram ter reservas para se manter entre seis meses e um ano, enquanto outros 6% afirmam que as suas reservas poderiam sustentá-los, sem rebaixar o padrão, por mais de um ano. Esses números evidenciam a fragilidade da situação financeira da maioria dos brasileiros.

Baixa contribuição para a Previdência

Outro dado preocupante é que somente 52% dos brasileiros contribuem para o sistema oficial da Previdência, por meio de contribuições mensais durante a vida ativa. Essa contribuição garante uma aposentadoria com renda entre R$ 1.320,00 e R$ 7.507,49. Apenas 13% dos entrevistados afirmaram possuir algum plano de previdência privada para reforçar os proventos da Previdência no momento da aposentadoria.

Poupança e investimentos

Apesar do cenário preocupante, a pesquisa também revelou que mais de um terço dos brasileiros declaram aplicar dinheiro em caderneta de poupança ou em algum outro tipo de investimento. Segundo cálculos recentes do Centro de Estudos de Mercado de Capitais da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Cemec/Fipe), o nível de poupança das famílias brasileiras cresceu de 2019 a 2023, acumulando cerca de R$ 760 bilhões. Essa poupança foi impulsionada pelo cenário da pandemia, que reduziu a movimentação e o consumo das famílias, além da introdução do Auxílio Emergencial.

Uso de produtos financeiros e endividamento

A pesquisa do Datafolha também questionou os brasileiros sobre o uso de produtos financeiros e modalidades de financiamento. Verificou-se que 56% dos entrevistados possuem cartão de crédito, um aumento significativo em relação a 2015, quando esse número era de 41%. No entanto, 10% dos indivíduos que possuem cartão de crédito afirmaram ter dívidas em atraso relacionadas ao instrumento.

Em relação ao endividamento, a pesquisa mostrou que a grande maioria da população não recorre a financiamentos para a compra de imóveis (93%) ou veículos (88%), o que pode ser atribuído tanto à prudência na hora de se endividar quanto ao alto nível de desigualdade de renda no país. Segundo dados recentes do IBGE, a renda mensal média per capita do 1% mais rico no país foi de R$ 17.447 em 2022, enquanto a da metade mais pobre foi de apenas R$ 537 mensais, ou menos de R$ 18 ao dia.

Conclusão

Os dados mostram a importância do planejamento financeiro e da educação financeira para a população brasileira. É fundamental que mais pessoas tenham acesso a informações sobre como poupar e investir para garantir um futuro mais seguro e tranquilo. Além disso, medidas governamentais e políticas públicas também podem contribuir para reduzir a desigualdade de renda e proporcionar melhores condições financeiras para todos os cidadãos brasileiros.