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Dá para exportar mais carne sem “tirar comida da mesa dos brasileiros”?

Dá para exportar mais carne sem “tirar comida da mesa dos brasileiros”?

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O crescimento do agronegócio e as oportunidades para o Brasil

Um estudo recente do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revelou que a China ainda tem espaço para aumentar seu consumo de carnes. Segundo o estudo, a disponibilidade per capita de carnes na China deverá crescer de 70,2 kg em 2022 para 94 kg em 2031. Com uma população de 1,42 bilhão de habitantes, o país asiático não tem capacidade de atender sozinho todo esse aumento na demanda.

O Brasil, que já é um dos principais fornecedores de carne para a China, poderá se beneficiar ainda mais desse crescimento. Atualmente, o país é responsável por fornecer 1 kg de carne a cada 3 kg importados pela China. Segundo Ricardo Santin, diretor da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o país tem capacidade de aumentar sua produção sem prejudicar o abastecimento interno, graças à abundância de grãos, terras e pastagens.

Essa resposta indireta à crítica feita pelo presidente Lula, que associa o aumento das exportações de carne a um risco para a segurança alimentar do Brasil, mostra que as preocupações são descoladas da realidade. No setor da carne bovina, por exemplo, 70% da produção é voltada para o mercado interno. Além disso, as exportações das três principais carnes (bovina, suína e frango) geraram uma receita de US$ 23 bilhões em 2022.

Embora o aumento na demanda internacional possa influenciar os preços no mercado interno, é importante destacar que a pecuária brasileira segue um ciclo natural de oferta e demanda, além de ser afetada pela disponibilidade de grãos e por intempéries climáticas. Isso não significa que a exportação de carne prejudica a alimentação do povo brasileiro, como afirma Alcides Torres, analista da Scot Consultoria. O problema no Brasil é o poder de compra e não o abastecimento. O país produz alimentos a preços mais acessíveis e tem a possibilidade de distribuí-los para outros mercados em caso de fechamento da China.

O estudo do USDA também aponta que o crescimento da demanda chinesa por carnes não está garantido, devido às preocupações com nutrição e saúde. O aumento dos índices de obesidade e de doenças relacionadas à dieta alimentar tem levado as autoridades de saúde chinesas a recomendar a diminuição do consumo de carne. Além disso, a preocupação com o meio ambiente e com o bem-estar animal tem impulsionado o consumo de alternativas à carne tradicional, como produtos à base vegetal e cultivados em laboratório.

Apesar disso, o mercado asiático oferece outras oportunidades promissoras, como Vietnã, Indonésia, Filipinas, Coreia do Sul e Japão. Nesses países, há demanda por carne bovina de qualidade superior, que paga um preço mais elevado. O Brasil já está buscando atender a esses nichos de mercado, investindo em produção de carne rastreada e de alta qualidade.

O crescimento do agronegócio brasileiro e as oportunidades no mercado internacional são resultados do desenvolvimento e do aprimoramento das técnicas utilizadas pelo país. Atualmente, o Brasil é mais competitivo do que seus concorrentes na produção de carne, o que explica a preferência da China por fornecedores brasileiros.

Portanto, o estudo do USDA reforça a importância do agronegócio brasileiro e suas perspectivas de crescimento. O aumento na demanda por carne na China e em outros países asiáticos oferece uma oportunidade única para o Brasil expandir suas exportações e se consolidar como líder global no setor. Esse crescimento beneficia não apenas os produtores, mas também a economia brasileira como um todo.

Esse artigo foi escrito por Clara do Blog Fluxo Investimentos

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