Consumidor brasileiro valoriza sustentabilidade, mas ainda não reflete nas escolhas de consumo

De acordo com a segunda edição da pesquisa "Impacto ESG no Varejo", realizada pela Mosaiclab em parceria com o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), o consumidor brasileiro mostra cada vez mais preocupação com temas ligados à preservação do meio ambiente, responsabilidade social e critérios de governança (ESG). A porcentagem de pessoas que afirmam saber do que se trata o conceito ESG subiu de 50% em 2022 para 62% em 2023.

No entanto, apesar do aumento no conhecimento sobre o tema, a pesquisa revela que ainda há uma distância importante entre o discurso e as escolhas efetivas de consumo. Cerca de 85% dos entrevistados admitiram que realizam atitudes de consumo que não contribuem positivamente para o planeta no dia a dia.

Diferenças entre as classes sociais no entendimento sobre sustentabilidade

O estudo também mostrou diferenças entre as classes sociais na compreensão sobre as práticas de sustentabilidade. Entre os entrevistados mais ricos (classe A), 33% afirmaram conhecer bem o tema do ESG, enquanto 52% disseram conhecer pouco e 15% desconhecem o assunto. Já na classe B, 13% afirmam ter maior conhecimento, 55% possuem pouco conhecimento e 32% não têm informações sobre.

Na classe C, a maior porcentagem é de pessoas que afirmaram não saber nada sobre o assunto, com 47%, enquanto 45% sabem pouco e apenas 8% afirmam ter bastante conhecimento sobre o conceito ESG.

Desafios na transformação do discurso em escolhas práticas

Para Hugo Bethlem, membro do Conselho do IDV, o maior desafio está na transformação dos desejos manifestados na pesquisa em escolhas práticas de consumo. Segundo ele, mesmo com o discurso sobre a importância da sustentabilidade, muitas vezes as pessoas optam por realizar compras de produtos importados, sem maiores informações sobre sua cadeia produtiva, quando encontram uma oferta de preço mais baixo.

Bethlem e Karen Cavalcanti, cofundadora da Mosaiclab, destacam que os pilares de responsabilidade social e critérios de governança são os que mais aproximam as pessoas mais pobres do tema. Na classe C, há maior interesse por ações de empresas que incentivem o pagamento de salários justos e que criem mais oportunidades de emprego. Também são valorizadas ações que reforcem o respeito aos direitos humanos, diversidade e inclusão social.

Preferência por produtos e locais de compra sustentáveis

A pesquisa revela que mais da metade dos entrevistados afirmou estar disposta a pagar a mais, entre 5% e 20%, por produtos ou serviços que realmente adotem práticas efetivas em ESG. A proteção ao meio ambiente foi apontada como o tema mais importante, sendo que 59% das pessoas estariam dispostas a pagar essa faixa de porcentagem a mais no preço se tivessem garantias de que ações reais estivessem sendo tomadas nesse sentido.

Além disso, o estudo demonstrou que os produtos vendidos em determinado local de compra podem influenciar positiva ou negativamente a imagem de sustentabilidade daquele varejo, assim como as marcas expostas nesses locais podem afetar a percepção do público sobre aquela rede varejista.

Conclusão

Apesar do crescimento no conhecimento sobre o conceito ESG entre os consumidores brasileiros, ainda há um desafio em transformar as intenções em escolhas práticas de consumo mais sustentáveis. Para isso, é necessário que as empresas ofereçam opções mais conscientes e incentivem o consumo responsável e o uso de produtos recicláveis e sustentáveis.

Os consumidores buscam por iniciativas que promovam o respeito aos direitos humanos, a diversidade, inclusão e ações de combate ao desmatamento. A pesquisa reforça a importância do tema ESG na decisão de compra e destaca a necessidade de ações efetivas para que os consumidores possam fazer escolhas alinhadas com seus valores e preocupações ambientais e sociais.