CI&T aposta em Inteligência Artificial, expansão global e mais aquisições para sair da ‘ressaca pandêmica’

A CI&T, empresa brasileira que oferece soluções de tecnologia para grandes empresas ao redor do mundo, está enfrentando um momento desafiador em 2023. Com a desaceleração na receita, a companhia pretende reverter essa situação reduzindo a sua dependência do Brasil e da América Latina e investindo em desenvolvimentos em Inteligência Artificial.

Fundada em Campinas em 1995, a CI&T costumava dobrar de tamanho a cada três anos e nunca havia registrado prejuízo anual. No entanto, a pandemia e o atual cenário macroeconômico adverso, marcado pelo aumento dos juros globais, inflação em alta e a guerra na Ucrânia, levaram as grandes empresas a reduzirem seus orçamentos em tecnologia, impactando o desempenho da CI&T.

No segundo trimestre, o crescimento da receita da empresa desacelerou para um dígito, levando a companhia a reduzir seu guidance de faturamento para o terceiro trimestre e para o acumulado do ano. Para retomar o crescimento, o CEO da CI&T, Cesar Gon, afirma que a estratégia envolve criar soluções de Inteligência Artificial para os clientes e realizar um follow-on em 2024 para promover aquisições estratégicas e acelerar a expansão no exterior.

Atualmente, a maioria da receita da CI&T já vem do exterior, com 45,6% concentrados na América do Norte, 9,6% na Europa e 5,1% na Ásia. No entanto, a América Latina ainda representa 39,7% do total. Enquanto o faturamento no Brasil e nos países vizinhos registrou uma queda de 6% no segundo trimestre, houve crescimento de 17,1% nos Estados Unidos e Canadá, 22,4% na Europa e impressionantes 86,6% na Ásia.

Diante desse cenário, a CI&T tem investido cada vez mais em soluções de Inteligência Artificial. A empresa já está trabalhando com mais de 15 grandes clientes nessa área e acredita que a revolução tecnológica trazida por essa tecnologia será mais evidente no final da década. A expectativa é que até o final deste ano, alguns casos de uso sejam divulgados, causando um efeito dominó no mercado e estimulando outras empresas a investirem em Inteligência Artificial.

No entanto, é importante ressaltar que a jornada da CI&T não tem sido fácil. Após abrir capital em 2021, suas ações acumularam uma queda de cerca de 70% desde o pico registrado logo após a estreia na bolsa de valores. No entanto, o CEO Cesar Gon acredita que a tendência é de recuperação, pois a empresa está focada em melhorar sua performance e gerar mais caixa.

Para os próximos anos, a CI&T pretende retomar as aquisições, expandindo para novos mercados e verticais nos Estados Unidos e na Europa. Apesar dos desafios de curto prazo, a empresa ainda é vista de forma positiva pelos analistas, que destacam a qualidade de sua engenharia de software e a sua cultura interna de retenção de talentos e desenvolvimento de carreiras.

Portanto, mesmo diante dos obstáculos enfrentados, a CI&T está determinada a superar a "ressaca pandêmica" e se posicionar como uma líder no mercado de tecnologia, com a aposta na Inteligência Artificial, expansão global e mais aquisições.