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Braskem ostenta selos verdes e já foi 'líder em desenvolvimento sustentável' pela ONU

Braskem ostenta selos verdes e já foi 'líder em desenvolvimento sustentável' pela ONU

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Braskem ostenta selos verdes e já foi 'líder em desenvolvimento sustentável' pela ONU

Apesar do desastre ambiental em Maceió, provocado pela extração de sal-gema pela Braskem, a empresa continua a ostentar selos verdes e já foi reconhecida como "líder em desenvolvimento sustentável" pela ONU. A petroquímica passou a publicar relatórios sobre sua atuação na esfera ambiental neste ano, mas especialistas apontam contradições e falhas de governança e regulação.

A Braskem afirma ter tomado medidas condizentes com sua responsabilidade socioambiental em Maceió e alega não ter mais atividades relacionadas à extração de sal-gema no Brasil. No entanto, antes de 2018, não havia indícios de problemas relacionados à extração de sal. Somente quando o afundamento na região foi descoberto, a empresa interrompeu a extração e iniciou ações para mitigar os riscos e realizar reparações.

A empresa tem adotado uma agenda de "empresa verde", com produção de plástico de origem renovável, e ostenta participação em índices de sustentabilidade concedidos pela B3 (bolsa brasileira) e pelo Dow Jones Sustainability Index. Além disso, a Braskem é associada a entidades com forte atuação em governança corporativa e sustentabilidade, como o Instituto Ethos e o Pacto Global da ONU.

No entanto, especialistas questionam a validade desses selos e a falta de critérios mais rigorosos. O consultor em governança corporativa Renato Chaves afirma que empresas com históricos de corrupção, como a Braskem, não deveriam receber selos de governança. Ele ressalta que é necessário avaliar não apenas o preenchimento de check-lists, mas também os passivos e a sustentabilidade do negócio.

Para Alexandre Di Miceli, consultor em alta gestão, há uma lógica no mundo corporativo em que os diretores se retiram antes que problemas apareçam, deixando os passivos para o futuro. Ele critica a fragilidade da governança na Braskem e a falta de punições mais firmes da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). No entanto, a CVM respondeu destacando que atua dentro dos limites de sua competência definidos por lei.

Os rankings e selos corporativos têm um papel importante em questionar a gestão das empresas, mas é necessário uma análise mais criteriosa por parte dos investidores, afirma o consultor Einar Rivero. Ele ressalta as três funções principais do lucro de uma empresa: pagar dividendos aos acionistas, reinvestir no negócio e servir como reserva para problemas futuros.

Diante desse cenário, fica a sensação de impunidade das empresas, pois a regulação é frágil e as empresas acreditam que nada vai acontecer, destaca Renato Chaves. Ele sugere que a CVM deveria se aproveitar das investigações realizadas pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal para punir as infratoras com rigor.

A situação da Braskem revela a importância de uma governança corporativa mais sólida e uma regulação mais assertiva no mercado financeiro. Os investidores precisam ir além dos selos e rankings e considerar os aspectos mais criteriosos da gestão das empresas. Assim, poderão evitar investimentos em empresas com histórico de corrupção e problemas ambientais, contribuindo para um mercado mais ético e sustentável.

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