Brancos ainda recebiam 61,4% a mais que trabalhadores negros por hora trabalhada em 2022
06/12/2023Brancos ainda recebiam 61,4% a mais que trabalhadores negros por hora trabalhada em 2022
O mercado de trabalho brasileiro apresentou sinais de melhora ao longo de 2022, porém, ainda persistem desigualdades estruturais, especialmente as raciais. De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os trabalhadores ocupados brancos tiveram um rendimento-hora de R$ 20,10, o que representa um valor 61,4% superior ao rendimento-hora da população ocupada preta ou parda, que foi de R$ 12,40.
Essa desigualdade salarial se mantém independentemente do nível de instrução. Mesmo entre os trabalhadores que não completaram o ensino fundamental, os brancos possuem um rendimento-hora de R$ 10,90, enquanto os negros recebem apenas R$ 8,40. Essa diferença cresce ainda mais em níveis de escolaridade mais altos, chegando a 37% nos ocupados com ensino superior completo.
A população ocupada em 2022 era composta por 54,2% de pretos e pardos (52,6 milhões) e 44,75% de brancos (43,4 milhões). Setores com menor remuneração e maior informalidade, como a Agropecuária, Construção e Serviços domésticos, possuem uma proporção maior de trabalhadores negros.
Além da desigualdade salarial, a questão racial também afeta o acesso dos jovens ao mercado de trabalho e aos estudos. Em 2022, o Brasil tinha 10,9 milhões de jovens de 15 a 29 anos que nem estudavam nem tinham trabalho, sendo 7,4 milhões deles negros e 3,4 milhões brancos. Esse grupo enfrenta dificuldades para ingressar e se manter no mercado de trabalho.
É importante ressaltar que nem todos os jovens que não estudam nem trabalham estão ociosos. Muitos dedicam seu tempo a afazeres domésticos e cuidados de pessoas, que podem ser considerados como trabalho não remunerado. Dos quase 11 milhões de jovens nessa situação, 43,3% são mulheres pretas ou pardas, 24,3% são homens pretos ou pardos, 20,1% são mulheres brancas e 11,4% são homens brancos.
A renda domiciliar é um fator determinante para a taxa de jovens que não estudam nem trabalham. Quanto menor o rendimento, maior é essa taxa. Em domicílios com menor renda, 1 a cada 2 jovens se encontram nessa condição. Do total de jovens que não estudam nem trabalham, 61,2% vivem em situação de pobreza e 14,8% sobrevivem em situação de extrema pobreza.
Além disso, os dados do IBGE revelam uma queda na frequência escolar das crianças de 4 e 5 anos de idade, que é quando começa a obrigatoriedade da educação básica. Entre 2019 e 2022, essa frequência recuou de 92,7% para 91,5%. O instituto ressalta que o Brasil não avançou na meta de universalização da educação infantil nesse período.
A frequência escolar na etapa adequada das crianças de 6 anos de idade, que deveriam ter ingressado no ensino fundamental, também apresentou uma queda significativa, passando de 81,8% em 2019 para 69,0% em 2022.
Essas informações mostram que mesmo com os avanços no mercado de trabalho, as desigualdades raciais ainda persistem, impactando tanto nos rendimentos dos trabalhadores quanto no acesso à educação. É fundamental que sejam adotadas políticas e ações efetivas para combater essa desigualdade e promover um mercado de trabalho mais justo e inclusivo para todos.