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Angra 3: desativar usina nuclear custa mais caro do que terminar obra de quase 40 anos

Angra 3: desativar usina nuclear custa mais caro do que terminar obra de quase 40 anos

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Angra 3: desativar usina nuclear custa mais caro do que terminar obra de quase 40 anos

A usina nuclear Angra 3, localizada no Estado do Rio de Janeiro, está em construção há quase 40 anos e continua sendo motivo de controvérsia e problemas para o governo brasileiro. Inaugurada na década de 1980, a usina teve apenas 65% de suas obras concluídas até o momento.

No entanto, encerrar o projeto não é uma solução fácil e barata. Estima-se que ainda sejam necessários cerca de R$ 20 bilhões para a conclusão das obras. Por outro lado, em caso de desistência, o prejuízo poderia chegar a R$ 26,5 bilhões, de acordo com a Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan). Esse valor considera os gastos com encerramento de contratos, desmontagem do que já foi construído, perda de receita anual e de receita com pegada de carbono, além dos valores já investidos. Além disso, os riscos jurídicos associados à quebra de contratos são considerados incalculáveis.

A usina de Angra 3 faz parte da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) e é conhecida como a "irmã" de Angra 2, pois ambas utilizam a mesma tecnologia alemã. O complexo, localizado em Angra dos Reis, também abriga a usina Angra 1, porém, apenas as usinas 1 e 2 estão em operação atualmente.

O projeto de Angra 3 passou por diversos obstáculos ao longo dos anos, incluindo licitações e restrições orçamentárias. Em 2015, o projeto foi afetado pelas investigações da Operação Lava Jato, o que resultou na paralisação das obras. Somente em 2022, as obras foram retomadas pelo consórcio Agis, formado pelas empresas Ferreira Guedes, Matricial e ADtranz, dentro do Plano de Aceleração da Linha Crítica da unidade.

No primeiro semestre de 2024, está prevista uma nova licitação para contratar a empresa ou consórcio responsável pela conclusão das obras civis e da montagem eletromecânica da usina. Atualmente, algumas empresas estão envolvidas em atividades relacionadas à tecnologia, software e equipamentos, por meio de investimentos já existentes. Porém, a área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) constatou que as obras estão em ritmo reduzido, podendo impactar o cronograma de conclusão do empreendimento.

Para Celso Cunha, presidente da Abdan, desativar Angra 3 seria inviável financeiramente: "Teria um impacto imenso nas ações da ENBPar. Desativar Angra 3 custa mais caro do que concluir a obra, pois seria necessário pagar todos os contratos, fornecedores, realizar o processo de desativação e descomissionamento. Quando se soma tudo isso, é mais caro do que concluir o projeto".

A previsão da Eletronuclear, subsidiária da ENBPar responsável pela operação das usinas, é que Angra 3 entre em operação no final de 2028. No entanto, considerando sua experiência, Cunha acredita que isso só acontecerá por volta de 2030. Durante o pico da obra, espera-se a geração de 7 mil empregos diretos e um número ainda maior de empregos indiretos.

Enquanto isso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está trabalhando na estruturação e modelagem técnica, financeira e jurídica do projeto de retomada de Angra 3, em parceria com consultorias contratadas pelo banco e pela Eletronuclear. O cronograma do projeto está passando por revisão e será validado nas instâncias de governança do projeto, incluindo o alinhamento com a nova direção da Eletronuclear.

Apesar dos desafios enfrentados e dos custos envolvidos, a conclusão de Angra 3 é vista como uma necessidade para a ENBPar e para o setor de energia do país. A usina terá capacidade de 1.405 MW, o suficiente para atender 4,5 milhões de pessoas, equivalente a 60% do consumo do estado do Rio de Janeiro e 3% do consumo do Brasil.

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